quinta-feira, 30 de julho de 2009

Grito


Grito vai, grito vem...
Entrou sem bater, começou a gritar, a dizer coisas terríveis, colocou sobre ele a culpa de tudo, como se nada mais importasse, como se aquele momento fosse somente para culpá-lo (...)
Você isso, você aquilo, disse ela, sem pensar nas palavras que saíam.
Todos os dedos apontados, porém,ela se esqueceu que um apontava para ele, os outros três para ela (...) acusações e gritos, uma briga que só os levou à mágoa, talvez um pouco de rancor.
O pobre homem sentiu-se culpado, mas diante de tudo que ocorrera até alí, refletiu -durante a gritaria- e percebeu que não estava tão errado assim; permitiu que ela falasse, extravasasse, calou-se! Calou-se porque sabia que era perda de tempo alimentar aquele momento, tantas coisas passaram em sua mente, tantas coisas por dizer, mas mais uma vez calou-se! calou-se e perturbou-se por isso, ele queria falar, falar e falar, mas no fundo sabia que de nada adiantaria.
Coisas tenebrosas passaram por sua mente enquanto ela falava, ele pensou em se matar, que horror, mas pensou ...! premeditou coisas terríveis, terríveis mesmo, mas sentiu-se fraco por esses pensamentos, naquele instante quis sumir,quis se encontrar com o infinito, descobrir o indecifrável o inatingível, queria apenas sair dalí, queria que toda aquela gritaria cessasse, ah! como ele queria que aquele momento acabasse, tantas acusações, tantos dedos em sua face, tantas palavras medíocres, tantos blá blá blá, ele já estava desgastado físico e emocionalmente,mas continuou alí, parado, absorto!
Ele detestava gritarias, mas estava diante de uma, ele se recusou a deixar a lágrima que estava se formando, cair, continuou apenas de cabeça baixa, sentindo que a qualquer momento seus tímpanos explodiriam.
Todo esforço jamais seria reconhecido,então ele se perguntou se valia mesmo apenas estar alí, se ela saberia o quanto ele a amava, se ela permitiria sentir a proporção de tal sentimento...
Ele só queria ir embora, deixá-la com seus gritos, talvez não fosse forte o suficiente para lidar com esta situação, fraco ou forte, ele queria mesmo desistir, entregar os pontos!
Por um breve momento ele pensou em seu valor, aonde tinha chegado, o que fez de sua vida, então olhou para ela e viu uma mulher egoísta e exaltada, uma mulher que só pensava em si, e cobrava de todos, exigia de todos, ela queria um amor maior do que ele podia dar, embora estivesse disposto a isso, mas ela não compreenderia que o tempo cura, regenera, não, ela não esperaria a situação melhorar, cobraria, cobraria e cobraria, então, mais uma vez ele olhou no fundo dos olhos dela e pensou: ''qual o estímulo que ela tem me dado? ela quer o meu progresso ou quer apenas resolver os problemas dela? ela quer que eu cresça ou quer crescer sobre mim?'' tais perguntas o perturbou muito, demasiadamente, então, neste momento ele relaxou, pois sabia que nada podia fazer, ela era daquele jeito e ele não queria mais aquilo!
Encontrou a solução concentrado em seus pensamentos (...).

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